Pesquisa Nacional de Saúde revela queda do tabagismo e crescimento do consumo de álcool no Brasil
Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) divulgada nesta quarta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) revelou que o tabagismo está em queda no Brasil, mas o consumo de álcool vem crescendo, sobretudo entre as mulheres. O levantamento também inclui dados sobre hábitos alimentares, atividade física, diabetes e depressão, e foi realizado em convênio com o Ministério da Saúde.
Em 2019, entre a população com 18 anos ou mais de idade, a prevalência de usuários de produtos derivados de tabaco foi de 12,8% (20,4 milhões de pessoas), contra 14,9% em 2013. No mesmo ano, 26,4% da população na mesma faixa etária costumavam consumir bebida alcoólica uma vez ou mais por semana, o que representa aumento de 2,5 pontos percentuais em relação a 2013, quando esse percentual foi de 23,9%.
Neste mesmo período, a proporção de homens que tinham o hábito de consumir bebida alcoólica ao menos uma vez por semana era de 37,1%, superior ao observado entre as mulheres (17,0%). A proporção de mulheres que consumiam bebida alcoólica uma vez ou mais por semana cresceu 4,1 pontos percentuais frente a 2013 (12,9%), enquanto o percentual dos homens ficou praticamente estável (36,3%).
Segundo a PNS, em 2019, havia no Brasil 159,1 milhões de pessoas com 18 anos ou mais de idade. Destas, 66,1% autoavaliaram sua saúde como boa ou muito boa, percentual similar ao referido em 2013 (66,2%). Já 28,1% avaliaram, em 2019, seu estado de saúde como regular e 5,8%, como ruim ou muito ruim. O maior percentual de avaliações boas ou muito boas (71,9%) foi o da região Sul e o menor (56,7%), do Nordeste.
Os homens fizeram uma autoavaliação de sua saúde mais positiva do que as mulheres: 70,4% dos homens consideraram sua saúde como boa ou muito boa, contra 62,3% das mulheres. Em relação aos grupos de idade, quanto maior a faixa etária, menor o percentual de pessoas que avaliavam sua saúde como boa ou muito boa.
A PNS 2019 investigou o consumo de alimentos ultraprocessados, além daqueles indicadores marcadores da alimentação saudável e não saudável já monitorados. A proporção de pessoas que consumiram cinco ou mais grupos de alimentos ultraprocessados foi de 14,3%. As pessoas residentes em áreas rurais registraram percentual menor (7,4%) em relação aos residentes das áreas urbanas (15,4%).
Já o percentual de pessoas de 18 anos ou mais de idade que tiveram o consumo recomendado de frutas e hortaliças foi de 13,0% – variando de 9,0%, na Região Nordeste, a 16,0% na Sudeste. As mulheres (15,4%), em média, consumiam mais estes alimentos que os homens (10,2%). De uma formal geral, o consumo de frutas e hortaliças mostrou aumento com a idade e com o grau de escolaridade.
Em 2019, 46,6% da população consumia peixe pelo menos uma vez por semana. Na Região Norte o hábito de consumo deste alimento é maior, 74,1%, seguido pela Nordeste, 56,3%. Na Região Sul foi registrado o menor percentual de pessoas com o consumo médio de uma vez por semana de peixe, 34,3%.
Na avaliação de 12,7% das pessoas, o próprio consumo de sal era elevado, ou seja, foi respondido alto ou muito alto. Na área rural, o percentual foi menor (9,0%) que na área urbana (13,3%). E o percentual de mulheres (11,2%) que consideraram seu consumo alto ou muito alto foi menor do que entre os homens (14,5%).
Na PNS 2019, 34,2% dos homens com 18 anos ou mais praticaram o nível recomendado de atividade física no lazer, enquanto para as mulheres este percentual foi de 26,4%. No mesmo período, a média brasileira foi de 30,1%. Em 2013, esta média foi de 22,7%, enquanto os percentuais de homens e mulheres foram de 27,3% e 18,6%, respectivamente. Da população de adultos, 40,3% foram classificados como insuficientemente ativos – ou seja, pessoas que não praticaram atividade física ou praticaram por menos do que 150 minutos por semana considerando os três domínios: lazer; trabalho e deslocamento para o trabalho. No país, 42,6% das pessoas de 18 anos ou mais de idade eram fisicamente ativas no trabalho.
Dentre os adultos que moravam na área urbana, 40,1% praticavam 150 minutos de atividade no trabalho e dentre os que viviam em área rural, eram 60,0%. A frequência dos homens para este domínio foi de 49,2%, enquanto das mulheres foi de 34,4%. Dentre as pessoas de cor ou raça branca, 28,6% praticavam 30 minutos diários de atividade física no deslocamento. Entre as pessoas pretas, esta frequência foi de 38,9% e entre os pardos 32,8%.
No domínio das atividades domésticas, estimou-se que 15,8% das pessoas de 18 anos ou mais de idade praticavam atividade física por no mínimo 150 minutos semanais, tais como faxina pesada ou atividades que requerem esforço físico intenso. Este indicador mostrou-se fortemente concentrado no público feminino, no qual 21,8% praticavam 150 minutos de atividade física nas tarefas domésticas, enquanto no público masculino foi de 9,1%.
A PNS 2019 estimou que pouco mais da metade (52,0%) da população com 18 anos ou mais de idade havia recebido diagnóstico de pelo menos uma das doenças crônicas investigadas por essa edição da pesquisa. Cerca de 23,9% da população nesse grupo etário (ou 38,1 milhões de pessoas) receberam diagnóstico de hipertensão arterial, prevalência um pouco mais alta do que a encontrada pela PNS 2013 (21,4%).
Em 2019, entre os hipertensos, 72,2% afirmaram ter recebido assistência médica para a doença nos 12 meses anteriores à entrevista. A incidência deste diagnóstico aumentava com a idade: no grupo etário dos 18 a 29 anos, apenas 2,8% estavam hipertensos, mas essa proporção sobe para 62,1% entre a população com 75 anos ou mais de idade. A pesquisa estimou que 7,7% da população de 18 anos ou mais de idade receberam diagnóstico de diabetes, o equivalente a 12,3 milhões de pessoas. A prevalência encontrada em 2013 foi de 6,2%. s mulheres (8,4%) apresentaram maior proporção de diagnóstico de diabetes que os homens (6,9%).
De acordo com o estudo, 14,6% das pessoas de 18 anos ou mais de idade (23,2 milhões) tiveram diagnóstico médico de colesterol alto (em 2013, foram 12,5%). Na área urbana a proporção estimada foi de 15,0%, e na área rural de 12,1%. As mulheres apresentaram proporção maior de diagnóstico médico de colesterol alto (17,6%) do que os homens (11,1%).
Cerca de 8,4 milhões de pessoas de 18 anos ou mais de idade (ou 5,3% desse grupo etário) receberam diagnóstico médico de alguma doença do coração. Na área urbana, essa proporção foi maior (5,4%) do que na área rural (4,4%). Observou-se que 29,1% dessas pessoas com diagnóstico de alguma doença do coração já haviam se submetido a alguma cirurgia de ponte de safena, colocação de stent ou angioplastia.
A PNS apurou que 5,3% das pessoas de 18 anos ou mais de idade receberam diagnóstico médico de asma (ou bronquite asmática) no Brasil (8,4 milhões de pessoas). Na área urbana este indicador foi de 5,5%, enquanto na área rural foi de 3,8%. Os resultados regionais foram semelhantes ao nacional: 4,5% no Norte, 5,9% no Sudeste, 6,2% no Sul, 5,0% no Centro-Oeste e 4,0% no Nordeste.
Entre a população adulta, 2,0% referiram diagnóstico de AVC ou derrame, representando aproximadamente 3,1 milhões de pessoas de 18 anos ou mais de idade. Os resultados não apontaram diferenças significativas por Grandes Regiões, variando de 1,8% no Sul a 2,1% no Nordeste – tampouco segundo situação de domicílio. A proporção de pessoas com diagnóstico médico de AVC aumentou conforme a idade avançava: variando de 0,3% entre as pessoas de 18 anos a 29 anos até 9,5% entre as com 75 anos ou mais de idade.
Em 2019, foi estimado que 10,2% da população com 18 anos ou mais de idade tinham recebido diagnóstico de depressão por profissional de saúde mental. Esse percentual foi maior do que o encontrado pela PNS 2013 (7,6%) e representa 16,3 milhões de pessoas. A prevalência urbana (10,7%) foi maior do que a rural (7,6%). As Regiões Sul e Sudeste apresentaram os maiores percentuais de pessoas com depressão diagnosticada, acima do percentual nacional, 15,2% e 11,5%, respectivamente.
Entre as pessoas com diagnóstico de depressão, 18,9% faziam psicoterapia e 48,0% usaram medicamentos para a doença nas duas últimas semanas anteriores à pesquisa. Verificou-se que havia uma maior prevalência desta doença sobre pessoas do sexo feminino, 14,7%, contra 5,1% dos homens. A faixa etária com maior proporção foi a de 60 a 64 anos de idade (13,2%), enquanto o menor percentual foi obtido na de 18 a 29 anos de idade (5,9%).
Observou-se, também, maior prevalência em pessoas nos extremos de nível de instrução, ou seja, pessoas com ensino superior completo (12,2%) e pessoas sem instrução e com fundamental incompleto (10,9%). avia uma maior proporção de pessoas brancas diagnosticadas com depressão, 12,5%. Para as pessoas de cor parda, a proporção foi de 8,6% e 8,2% dentre as pretas. Menos da metade dos homens (43,8%) e mulheres (49,3%) que referiram diagnóstico de depressão usavam medicamentos para depressão. A proporção média do Brasil foi de 48,0%.
Em 2019, a pesquisa estimou que 2,6% das pessoas de 18 anos ou mais de idade (4,1 milhões de adultos), referiram diagnóstico médico de câncer no Brasil (em 2013, 1,8%). A proporção na área urbana foi significativamente maior do que na área rural: 2,7% e 1,7%, respectivamente. A Região Sul mostrou o maior percentual de diagnóstico médico de câncer, 3,5%, seguida das Regiões Sudeste (3,0%) e Centro-Oeste (2,4%). As Regiões Norte e Nordeste, por sua vez, apresentaram as menores prevalências, correspondentes a 1,3% e 1,8%, respectivamente.
Estimou-se ainda que, dentre as pessoas de 18 anos ou mais de idade, 1,5% referiu diagnóstico médico de insuficiência renal crônica. As pessoas da faixa etária de 18 a 29 anos apresentaram menor prevalência da doença (0,7%) e da faixa de 75 anos ou mais de idade apresentaram a maior proporção (3,1%). Em relação ao tratamento em casos mais intensivos, 7,3% das pessoas de 18 anos ou mais de idade que referiram diagnóstico de insuficiência renal crônica faziam hemodiálise/ diálise.
No ano passado, a proporção de pessoas de 18 anos ou mais de idade que escovava os dentes pelo menos duas vezes por dia (93,6%) cresceu em relação a 2013 (89,1%). Já a proporção de adultos que usavam escova de dentes, pasta de dente e fio dental para a limpeza dos dentes era 63,0%. Entre os homens foi de 57,6% e, entre as mulheres, 67,7%.
Das pessoas de 18 anos ou mais de idade, 50,7% trocavam a escova de dente por uma nova com menos de três meses de uso. Entre os mais jovens, esse hábito foi mais frequente que entre os mais velhos, assim como entre as pessoas com maior nível de instrução. Em 2019, 69,7% das pessoas de 18 anos ou mais de idade avaliaram a sua saúde bucal como boa ou muito boa. As estimativas variaram de 62,2%, no Nordeste, a 74,3%, no Sul. A PNS 2019 estimou que, naquele ano, 78,2 milhões de pessoas com 18 anos ou mais de idade haviam feito uma consulta odontológica nos últimos 12 meses anteriores à data da entrevista.
Praticamente um em cada três adultos (33,0%) usava algum tipo de prótese dentária (33,4%, em 2013). Apesar de as mulheres terem revelado melhor prevenção à saúde bucal, foram elas as que mais perderam dentes e as que mais usavam prótese dentária, em 2019, (37,1% ante 28,4% entre os homens).
Fonte: site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas
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